"A UTILIDADE DO INÚTIL" BUDO
Humberto Pereira da Silva
Natal/RN, 15/11/2024
O Budo, o elemento que
dá ao Karate-do a condição de ser algo além de um mero amontoado de técnicas
traumáticas, está perdendo cada vez mais espaço, ano após ano. Talvez, a causa
disso seja a sua inutilidade. E pensando como Nuccio Ordine (1958–2023), o Budo
se enquadra, sim, como coisa inútil.
[...] havia momentos em que eu me
achava dolorosamente desapontado ao me tornar ciente do estado espiritual quase
irreconhecível para o qual o mundo do karatê havia se voltado, diferente do
espírito que prevalecia no tempo em que apresentei pela primeira vez o karatê e
comecei a ensinar.
Gichin Funakoshi – Karatê Do Kyohan: o texto mestre
É muito comum nas nossas conversas sobre artes marciais, afirmarmos
com ar de sábios budo-ka, que o
mestre “x” disse isso, que o mestre “y” disse aquilo, que o samurai “w” ensinou
aquilo outro, que Karate-do, Judô,
Aikidô, Kendô, etc. não são só lutas, e que essas lutas ensinam muito mais
que lutar, etc. etc. Também afirmamos que essa condição de que disfrutam essas
e outras artes marciais é dada pelo Budo.
Isso traz em si uma implícita afirmação de que esse tal Budo serve para algo, uma vez que, até
onde sabemos, essas coisas extra luta vêm dele. Caso não servisse para algo, não
se teria porque ficar falando que ele existe, que é a “essência”, que faz parte
da arte marcial e que sem ele as técnicas são só técnicas.
Mas o que é Budo?
Essa simples pergunta não pode ser respondida pela maioria dos seus pretensos
praticantes - e não vou tentar fazer isso aqui -, pois eles não sabem (ou não
sabemos) o que é. Aqui não vai uma crítica a essas pessoas, pois reconheço que
não saber o que é Budo não é culpa
delas (ou nossa), uma vez que, pelo que sei, até mesmo no Japão esse conceito
não é fácil de definir. A que atribuir, então, tal desconhecimento, já que – em
grande medida e não na totalidade dos casos – a culpa não é das/os praticantes?
Acredito que as pessoas, que são os componentes do ambiente social, suas
partículas constituintes, devem buscar o conhecimento, caso o considerem
importante. É uma responsabilidade de cada uma e cada um, independentemente das
influências sociais que atuam sobre si, buscar o conhecimento. Porém, essas
influências sociais podem, inegavelmente, envolver o cidadão numa teia que o
domina e molda, de forma a torná-lo cada vez mais dócil, obediente e alienado,
impossibilitando-o de agir por conta própria e romper certas barreiras,
conforme nos alerta Michel Foucault (1926-1984). Vejamos se há aí algum
paralelo com o que ocorre no mundo do Karate:
A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma palavra: ela dissocia o poder do corpo; faz dele por um lado uma “aptidão”, uma “capacidade” que ela procura aumentar; e inverte por outro lado a energia, a potência que poderia resultar disso, e faz dela uma relação de sujeição estrita. Se a exploração econômica separa a força e o produto do trabalho, digamos que a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre uma aptidão aumentada e uma dominação acentuada (Foucault, 2014, p. 135-136).
É evidente - pelo menos para mim - que o karate-ka é submetido, sim, a uma
coerção disciplinar, nos termos de Foucault. No Karate, todos sabemos, a disciplina e a hierarquia ditam as regras[1],
tanto física quanto moralmente. Porém, diferentemente da análise que Foucault
faz da nossa sociedade da vigilância, vendo com lucidez nos efeitos dessa
coerção disciplinar uma forma de alienação da capacidade de o indivíduo se
impor politicamente, isso é, como cidadão ativo e consciente, a disciplina e a
hierarquia do Karate-do não devem
conduzir o praticante a uma situação em que seja deixada de lado a questão do Budo – que deve torná-lo um cidadão
melhor - em favor de uma prática apenas física e competitiva alienante. Pelo
contrário, o Budo pressupõe a
elevação do lado espiritual do karate-ka,
justamente por meio de uma prática física exigente e que o leve à superação de
seus limites físicos e mentais. Sobre isso Wagner Bull, em Karate-Do Kyohan: o texto mestre,
afirma que
[...] priorizar a prática do karatê como um esporte é um grande erro, especialmente quando essa focalização faz o praticante abandonar o desenvolvimento espiritual e moral que Funakoshi tanto enfatizou quando decidiu mudar o nome e o propósito desse caminho marcial [...]. Os praticantes de karatê, [...] não podem perder a noção de que um Caminho Marcial é, antes de tudo, um estilo de vida, e não significa apenas a aquisição de conhecimento de técnicas de defesa pessoal (Funakoshi, 2014, p. 8).
Mas o que ocorre para que o Budo seja tão enfraquecido, sendo atualmente tema de preocupação
para uns e, ao mesmo tempo, de negligência para outros? Creio que um caminho
para entendermos isso é analisar os efeitos da modernidade sobre o Karate-do.
A modernidade é o período da história que, segundo uns, tem
início na Revolução Industrial, conforme outros, na Revolução Francesa, havendo
ainda outras opiniões a respeito. De qualquer forma, a consolidação da
modernidade como uma nova forma de pensar e agir da humanidade, é a coroação de
uma sequência de mudanças que vinham ocorrendo já havia séculos, com a
superação do pensamento religioso que ditava as regras de convivência social[2],
dando lugar à razão e ao pensamento científico, tudo isso atrelado a uma forma
cada vez mais exploratória dos meios de produção e da força de trabalho. Não à
toa, alguns afirmam que o surgimento do capitalismo, um sistema que tem na
acumulação de bens e do lucro exploratório o seu alicerce e, ao mesmo tempo,
seu objetivo, é o sinal do nascimento da modernidade. Trazendo mais uma linha
de pensamento para esta reflexão, Moassab & Berthet (2022) nos trazem a
visão de que a modernidade deve ser pensada como algo que se iniciou com o
advento das grandes colonizações por volta do século XV:
Dussel procede a uma ressignificação mais precisa do que entende por modernidade, dividindo esta em modernidad temprana [modernidade prematura] (do século XV a XVII: 1492-1630), e a modernidad madura [modernidade madura] (entre os séculos XVII e XIX: 1630-1789). Ele procede, de igual forma, a uma separação, no seio da modernidade prematura, entre a primeira modernidade prematura: a cristandade hispano-americana e a outra modernidade prematura: a cristandade lusitana (DUSSEL, 2007, p. 190-191) (Moassab & Berthet, 2022, pp. 11-30).
Assim, na esteira de tais tendências e transformações – e
lembro que esta é uma descrição muito superficial do que se chama de
modernidade e de todos os elementos que compõem tão longo e importante período
da história -, vieram uma aceleração do ritmo de vida que antes era regido pela
sequência dos eventos da natureza, fazendo com que, agora, as necessidades de
produção e acumulação de bens ditassem esse novo ritmo. O ritmo de vida que era
determinado pela natureza passou a ser ditado pelo ritmo do capitalismo, pela
industrialização, enfim, pela modernidade.
Sem entrar aqui numa análise muito detalhada, pretendo ficar
apenas nessas informações mais superficiais, porém, suficientes para que
entendamos do que estou falando. Também não vou analisar se tudo isso é bom ou
ruim para a humanidade. Tentarei aqui somente observar como essa transformação
se reflete no mundo do Karate-do, e
já adianto que, para o âmbito desta atividade específica, o Karate-do, considero que a tal
modernidade é algo ruim. Nuccio Ordine, que trabalha brilhantemente as questões
referentes à perda de valor do conhecimento em si na sociedade moderna, afirma:
Mas a lógica do lucro solapa as bases das instituições (escolas, universidades, centros de pesquisa, laboratórios, museus, bibliotecas, arquivos) e disciplinas (humanísticas e científicas) cujo valor deveria coincidir com o saber em si, independentemente da capacidade de produzir ganhos imediatos ou benefícios comerciais. Claro que com muita frequência museus e sítios arqueológicos também podem ser fontes de receitas extraordinárias. Mas a sua existência, contrariamente ao que alguns gostariam de nos fazer crer, não pode estar subordinada ao sucesso das bilheterias: a vida de um museu ou de uma escavação arqueológica, assim como a vida de um arquivo ou de uma biblioteca, é um tesouro que a coletividade deve preservar ciosamente, a todo custo (Ordine, 2013, pp. 6-7).
O Karate-do é como
esses exemplos (museus e escavações arqueológicas) que têm sua existência e
valor atrelados ao que conseguem gerar de dinheiro, mas, como nos ensina
Ordine, o valor deveria ser visto naquilo que trazem de conhecimento, de
“tesouro”[3]. O Karate-do, como gosto de dizer
repetitivamente, é um canal por onde nos chega a riqueza de grande parte da
cultura japonesa. Evidentemente que, até isso, essa cultura, vira um produto,
mas o Karate-do deveria proteger essa
riqueza de toda essa má influência. O que vemos, porém, é uma crescente
desvalorização do lado arte, cultura e marcialidade do Caminho das Mãos Vazias
em favor de uma prática meramente esportivo-competitiva cada vez mais esvaziada
de significados.
É sabido que as artes marciais japonesas têm em si um forte
componente vindo das filosofias e até mesmo religiões orientais. Tal influência
é tanta que se chega a crer que guerreiros do passado ou praticantes dos
modernos Budo sejam, automaticamente,
homens sábios e honrados. Certamente que houve guerreiros e há praticantes
honrados e sábios, mas isso depende de uma conduta moral particular, pois a
honra e a sabedoria não são coisas inerentes, mas, sim, algo que se constrói,
que se escolhe vivenciar, e não estou negando que as artes marciais podem
conduzir o praticante a esse caminho. O fato é que, sim, as artes marciais
japonesas foram construídas sobre esses alicerces filosófico-religiosos e por
causa deles essas lutas são tão respeitadas mundo a fora e em seu próprio país.
Mas o mundo muda e com ele as coisas dele. Com a abertura do
Japão para o mundo ocidental e suas influências culturais, muita coisa mudou
radicalmente. As transformações ocorridas no mundo demoraram mais a atingir o
Japão por conta do seu isolamento de outras nações. Fechado para o mundo
ocidental por mais de duzentos anos durante o período Edo (1603-1868), somente após a Restauração Meiji (1868-1912) foi que as influências do mundo exterior ao Japão
chegaram mais fortemente àquele país. Toda a entrada de novos costumes na
sociedade japonesa chegou, também, ao mundo das artes marciais. Surgem as necessidades de criação de
entidades para o controle e separação das técnicas de luta, surgindo formas
específicas e separadas de luta e suas respectivas escolas, os professores
passam a viver do ensino das lutas, aparecem os campeonatos nos moldes
ocidentais, etc. Tudo isso força que as artes marciais se tornem coisas úteis,
práticas, rentáveis (utilitárias) e grandes mudanças ocorrem em sua essência.
As técnicas de luta passam por uma escolha entre aquelas que
podem ser aprendidas e praticadas dentro desse novo contexto utilitarista e as
que devem ser descartadas, principalmente pelo perigo de lesionar seriamente os
adversários nos campeonatos e treinamentos, havendo, portanto, uma
classificação entre as úteis para essas novas finalidades e as inúteis. Com o
passar do tempo, o aspecto mais espiritual e de formação do caráter do
praticante, tão recomendados como essenciais por Gichin Funakoshi –
referindo-se especificamente ao Karate-do
-, também – e principalmente esses aspectos, até mais que algumas técnicas
físicas - passaram a não ter tanta importância nesse ambiente fundamentalmente
competitivo-lucrativo, e é nesse último aspecto que centralizo a reflexão deste
texto.
Ordine (2013) sintetiza de forma excepcional o que tento pobremente
analisar:
Não é um acaso que nas últimas décadas as disciplinas humanísticas tenham passado a ser consideradas inúteis e tenham sido marginalizadas não somente nos currículos escolares e universitários, mas sobretudo nos orçamentos governamentais e nos recursos das fundações e das entidades privadas. Por que empregar dinheiro num âmbito condenado a não produzir lucro? Por que destinar recursos a saberes que não trazem uma vantagem rápida e tangível? Dentro desse contexto fundado exclusivamente na necessidade de pesar e medir com base em critérios que privilegiam a quantitas, a literatura (mas o mesmo discurso também poderia valer para os outros saberes humanísticos e para aqueles saberes científicos livres de um imediato objetivo utilitarista) pode, em vez disso, assumir uma função fundamental, importantíssima: exatamente por ser imune a qualquer aspiração a lucros, poderia colocar-se, por si mesma, como forma de resistência aos egoísmos do presente, como antídoto à barbárie da utilidade, que chega mesmo a corromper as nossas relações sociais e os nossos afetos mais profundos. Sua própria existência, de fato, chama a atenção para a gratuidade e para o desinteresse, valores considerados quase contracorrente e fora de moda (Ordine, 2013 p. 21).
Tais valores humanísticos abordados por Ordine estão na
prática do Karate-do expressas na
forma do Budo. Esse é o princípio
que, sendo fundamental para as artes marciais japonesas, perde sua força com o
passar dos anos, cada vez mais. Por isso, os japoneses preocupados com tal
situação, criam uma instituição objetivando cuidar do Budo, a Nippon Budo Kyogikai
(Associação japonesa de Budo) e essa
instituição desenvolve a “Carta do Budo” (Budo Kensho), conforme informações do
site Budokast:
Com o intuito de evitar que a tradição do budo como ferramenta de transformação pessoal se perdesse em detrimento do enfoque em competições a Nippon Budoka, junto com as demais organizações membro da Nippon Budo Kyogikai desenvolveram estes artigos como parâmetros a serem observados, versando sobre os objetivos do budo, da pratica, o dojo, o sensei, etc. [...] (Goulart, 2019).
Não só no Japão há preocupação com tais questões. Em nosso
país há pessoas abnegadas ao Karate-do
que, reconhecendo a perda de valores que essa arte vem sofrendo, dedicam-se a
escrever livros, artigos, a darem aulas sem se preocuparem apenas com as
questões competitivas e lucrativas – ou mesmo não se preocupando com elas -, e
há as que tomam atitudes mais radicais. Por correr o risco de não contemplar
todas e todos que representam esse movimento, trago aqui, de forma
representativa, a atitude de Aline Fidelman sensei
que, insatisfeita com os rumos de uma grande entidade da qual ela fez parte, se
desfiliou e denunciou suas práticas. A denúncia ganhou relevância e foi
veiculada na revista Budo:
Surpresa com a coragem do faixa-preta carioca, a escritora Aline Fidelman comemorou a atitude e parabenizou o ex-dirigente por sua bravura, aproveitando para manifestar sua posição em suas redes sociais. Faixa-preta ni-dan (2º dan), Aline se desfiliou da Confederação Brasileira de Karatê (CBK) este ano, por não acreditar mais na capacidade da entidade de gerir a modalidade com a devida isenção e, principalmente pela total falta de comprometimento de suas lideranças com a filosofia da arte marcial. Contudo, ela jamais se distanciou da arte das mãos vazias, uma de suas grandes paixões (Pinto, 2024).
Aline
afirmar:
Queremos evoluir em aprendizado filosófico e técnico dentro dos estilos e linhagens que pertencemos, e não apenas no aprendizado esportivo, um traço fora da tríade que compõe o treinamento fundamental e funcional do karatê: kihon, kata e kumitê (Pinto, 2024).
Tais preocupações são urgentes, pois refletem uma mudança
radical em algo como o Karate-do que,
em seu arcabouço, traz valores que vão muito além da mera busca por conquista
de medalhas, troféus, dinheiro, fama, status
social, poder de comandar uma instituição, tudo muito efêmero. Diante disso,
muitos competidores, ao atingirem uma idade em que o desempenho nas competições
não é mais aquele ou mesmo diante de uma realidade que bate à consciência
quando se pensa e vê que por anos e anos se praticou algo que não corresponde
ao nome que tem – e digo isso por acreditar que as pessoas têm capacidade de
refletir a respeito do que fazem em suas vidas e não são meros autômatos - e
quando veem o poder lhes escorrer entre os dedos, pois passa para outros,
dizem, “agora vou parar de competir e aprender Karate”. Toda essa distorção do Karate-do é uma mudança que
vem na maré das décadas, mas que ainda é possível ser freada e reformulada em
uma mudança que não considere inútil algo como os valores do Budo.
Enfim, sabemos que o Budo
é inútil para uns, mas, para outros, qual a sua utilidade? Definir o que é Budo certamente é muito mais difícil do
que apontar sua utilidade. Uma arte marcial que seja praticada “como Budo”, para fazer uma referência a Kenji
Tokitsu, na obra O ki e o caminho das
artes marciais (2012), serve para despertar um sentido e um significado
profundos à mera prática de técnicas de luta. Isso é possível pois o Budo leva o praticante a buscar uma vivência
prolongada da arte marcial. A arte passa a ser um caminho (Do), algo a ser perseguido durante toda a sua vida.
Sim, o Budo - que
transforma a luta em arte - essa coisa inútil, tem por isso, sua utilidade.
Basta que ele não seja visto como algo meramente utilitário, coisa que em
essência não é.
REFERÊNCIAS
BARROS-VARELA, Odair. África, o berço da modernidade: por uma visão pós-colonial da
modernidade e do território. In: MOASSAB, Andréia; BERTHET, Marina
(Org.). Territórios, cidades e identidades africanas em movimento. Foz do
Iguaçu: EDUNILA, 2022.
FOUCAULT, M. (2014). Vigiar
e punir. Nascimento da prisão. (R. Ramalhete, Trad.) Petrópolis, RJ,
Brasil: Vozes.
FUNAKOSHI, G. (2014). Karate-Do
Kyohan: o texto mestre. (W. Bull, Trad.) São Paulo, SP, Brasil: Cultrix.
GOULART, G. (02 de Outubro de 2019). Budokast. Acesso em 10 de Outubro de 2024, disponível em Budo
Kensho: https://www.budokast.com.br/post/budo-kensho
ORDINE, N. (2013). A
utilidade do inútil. Um manifesto. (L. C. Bombassaro, Trad.) Rio de
Janeiro, RJ, Brasil: Jorge Zahar Editor Ltda.
PINTO, P.
(07 de Novembro de 2024). Professora e
escritora, Aline Fidelman aponta irregularidades na gestão do karatê brasileiro.
Acesso em 10 de Novembro de 2024, disponível em Budô: https://revistabudo.com.br/professora-e-escritora-aline-fidelman-aponta-irregularidades-na-gestao-do-karate-brasileiro/
TOKITSU, K. (2012). Ki
e o caminho das artes marciais (1ª ed.). (L. C. CINTRA, Trad.) São Paulo,
SP, Brasil: Cultrix.
[1] De forma muito parecida com o que ocorre
no militarismo. Não por coincidência, Foucault utiliza largamente o militarismo
como exemplo do disciplinamento e da hierarquia.
[2] Contudo, não se pode falar de forma radical que o
pensamento religioso deixou de ter seu peso na ordem social. O que quero dizer
é que, com o passar dos séculos, a razão, as leis não religiosas e as ciências
passaram a ocupar um espaço cada vez maior na fundamentação das sociedades.
[3] E não estou afirmando que as pessoas que vivem do Karate-do deveriam abandonar sua
atividade, arranjar outro meio de subsistência e passar a ensinar de graça.
Afirmo, sim, que a arte marcial deveria ter reconhecido o seu valor intrínseco
e não aquele que ele gera em dinheiro.
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