O Karate-Do e suas antropotécnicas

 O KARATE-DO E SUAS ANTROPOTÉCNICAS

Humberto Pereira da Silva

Natal/RN, 10/01/2023

Texto atualizado em 24/01/2023

O Karate-Do consiste em um conjunto de práticas que envolvem - ou deveriam envolver - os âmbitos físico, mental, espiritual e moral. Todos esses aspectos são englobados no que se conhece como Budo e todos são realizados por meio de processos organizados e, às vezes, inconscientes. Numa tentativa de analisar o desenvolvimento desses processos que formam o karateka, recorremos ao conceito de antropotécnica, na visão do filósofo Peter Sloterdijk.

A rigorosa prática do Karate-Do

Em outros textos, fizemos algumas afirmações a respeito do aspecto ascético de algumas práticas do Karate-Do. Seguem algumas citações.

1. Praticar Karate solitariamente, às vezes, não é uma coisa fácil, pois temos que sair de um estado mental de preguiça e conforto para um em que isso seja superado em nome de uma prática ascética e podemos dizer até mesmo austera. Porém, essa forma de prática traz grandes benefícios como o desenvolvimento de um espírito mais forte; o alívio das tensões causadas pela rotina; os benefícios do exercício físico conhecidos por todos, etc. Isso é parte do Budo. Fonte: https://estudosdekarate.blogspot.com/2021/09/karate-do-uma-arte-marcial-que-se-pode.html.

2. Por que falei da questão da importância de vivenciar sobre o assunto abordado? É que para entender o Budo e falar sobre ele é preciso viver o Budo, pois isso é uma espécie de filosofia ou estilo de vida, o tal “caminho” (Do) sobre o qual escreve Kenji Tokitsu. Ele não abrange somente as artes marciais, sendo essas uma expressão possível dele, mas não a única. Do é como que uma busca que se realiza pelo caminho da vida e pode ser perseguido, por exemplo, por meio das religiões, uma vez que essas têm suas práticas ascéticas. Fonte: https://estudosdekarate.blogspot.com/2021/03/karate-budo-o-que-e-isso.html

3. Ora, Budo é a busca do crescimento mental, intelectual e espiritual por meio de uma prática ascética e, portanto, física [...]. Fonte: https://estudosdekarate.blogspot.com/2021/03/karate-budo-o-que-e-isso.html.

4. O Budo em si não tem (pelo menos que eu saiba) princípios escritos e delimitados como um lema, assim como o Dojo Kun ou o Ni ju Kun do Karate-Do Shotokan[2]. É como algo implícito na cultura japonesa e que anda paralelamente à filosofia do Do – também sem princípios escritos, até onde sei -, buscando que o praticante, por meio da prática ascética, persiga uma elevação em sua moral durante o trilhar do caminho (Do). Podemos dizer que o Budo e o Do andam juntos. Fonte:  https://estudosdekarate.blogspot.com/2021/03/karate-budo-o-que-e-isso.html

Como o tema das práticas ascéticas é recorrente em nossos trabalhos, cremos ser importante clarificar o significado dessa expressão, assim como o que queremos dizer ao utilizá-la, ou seja, qual sentido damos a ela nos nossos textos.

A ascese - ou as práticas ascéticas - é um termo que se refere a práticas disciplinares, muitas vezes físicas, que buscam o domínio do corpo e do espírito. Está muito ligada a práticas religiosas que entendem ser o domínio do corpo um meio de atingir elevação mental, espiritual e, portanto, moral. Também pode referir-se, por exemplo, a alguém que dedique horas e horas, com o sacrifício do próprio corpo, aos estudos, uma vez que a pessoa está buscando, por meio dessa prática, conhecimento, saber, melhoramento intelectual, ou seja, o corpo sofre para que a mente se eleve.

O Karate é conhecido por exigir de seus praticantes uma dedicação de anos e anos para dominá-lo. Muitas vezes o karateka atinge altas graduações sem ter conseguido dominar satisfatoriamente determinadas técnicas – por motivos variados, às vezes justos, às vezes não - que já vem praticando desde os primeiros dias de treino. Não à toa, se diz que o faixa preta é um faixa branca que não desistiu. Durante esses anos de prática ele vem sempre, por meio de métodos de treinamento do corpo, buscando aperfeiçoar-se mais ou menos nos mesmos movimentos o tempo todo. A cada treino o corpo e a mente absorvem um pouco mais das técnicas e dos ensinamentos, num processo gradual e contínuo.

Fonte da imagem: https://www.interfilmes.com/filme_21467_O.Faixa.Preta-%28Kuro.obi%29.html

Por outro lado, o karateka busca um “crescimento interno”, ou seja, paralelamente ao treino do corpo, vai procurando atingir um aperfeiçoamento moral - que muitas vezes não sabe exatamente o que é. Todos temos, em alguma medida, conhecimento das duras práticas dos estilos tradicionais de Karate que, a partir do momento em que passam a buscar algo além da excelência técnica em luta, ou seja, um objetivo educacional fundado em valores morais, passam a se encaixar no conceito de Budo. Por isso, vemos aqui uma clara ligação entre esses dois conceitos, Budo e ascetismo, onde seus respectivos praticantes são o budoka e o asceta, sendo os exemplos mais comuns deste último religiosos que sacrificam seus corpos em nome de uma elevação espiritual, mas, no nosso caso atribuímos esta qualificação (asceta) ao karateka. Sobre essa prática incessante, seja ela física ou mental, em busca de aperfeiçoamento, o que se aproxima das práticas do Karate-Do, Sloterdijk[1] é citado por (BRÜSEKE, 2011, p. 1):

Como exercício defino qualquer operação que conserva ou melhora a qualificação do ator para realizar a mesma operação da próxima vez, seja ela declarada como exercício ou não. [...] Exercitar-se exige uma postura ascética, necessária para garantir as energias que os permanentes esforços de se aproximar do ideal e de evitar a decadência consomem. (SLOTERDIJK, 2009, apud BRÜSEKE, 2011).

Esses métodos rigorosos de treinamento do corpo e da mente, ao mesmo tempo que precisam de, dão origem a processos denominados antropotécnicas, de que passamos a tratar.

Antropotécnica e o Karate-Do

Um exemplo que entendemos como sendo de uma antropotécnica do Karate-Do é sua peculiar forma de transmissão de seus conhecimentos. Em (SILVA H. P., 2022) abordamos o tema da transmissão oral nessa arte marcial. Ao longo dos anos o Karate-Do, apesar de ser praticado, no Japão e em outros países, dentro das universidades, ou seja, por pessoas com nível intelectual elevado, e por isso, ter adquirir um aspecto científico muito forte, dando origem a várias publicações literárias para a preservação e organização de seu patrimônio técnico e intelectual, no Brasil, essa intelectualidade dos seus representantes parece ser deixada de lado[2] em favor de uma busca apenas pela parte prática da arte e, indo ainda mais longe, apenas pelos resultados nas competições imediatistas. Quando a busca pelo conhecimento ocorre – ou uma exibição de um pretenso conhecimento –, ele se dá de forma superficial e equivocada e muitas vezes baseada apenas em ouvir falar e achismos e essa transmissão de conhecimento se dá, então, fortemente, por meio da oralidade.

É notório que essa antropotécnica da oralidade do Caminho das Mãos Vazias se desenvolveu muito em nosso país, e tem as características do meio em que se embrenhou, ou seja, a oralidade fortíssima do povo brasileiro fez seu trabalho dentro dos Dojo e passou a ser a prática preferida dos(as) sensei, em detrimento de uma sistematização da transmissão do conhecimento.

Observando as colocações acima, percebemos que o conceito de antropotécnica nos permite pensar sobre as mudanças ocorridas ao longo do tempo no Karate-Do. Creio que a arte marcial de Okinawa passou por dois momentos de grandes transformações. Um deles foi sua saída da citada ilha para o Japão. As exigências a que o Karate de Okinawa – e esta é uma redundância, uma vez que o Karate não é de outro lugar senão de Okinawa - teve que se dobrar para ser ali aceito fizeram com que fossem deixadas para trás muitas coisas, o que o afastou de sua originalidade. Outro grande momento de transformação foram as mudanças ocorridas em nome de uma modernização na época do nascedouro Karate esportivo e que foram dando oportunidade para o surgimento de interesses que antes não eram parte tão fundamental da arte marcial, como a busca por um status gerado pela obtenção das vitórias nas competições e para a realidade de que muitos professores de karate passaram a sobreviver das suas aulas, ou seja, precisaram passar a cobrar por elas[3]. Sabemos bem o que ocorre com as coisas quando o capitalismo se apodera delas. As técnicas desenvolvidas para tornar o Karate algo cada vez mais atrativo e lucrativo tiraram muito de sua essência.

O Karate, então, parece ter perdido o controle sobre si próprio, se permitindo cada vez mais uma simplificação que o afasta, quanto mais o tempo passa, do que ele é verdadeiramente e de seus elevados princípios espirituais e morais fundamentados numa cultura que foi por muito tempo hermética e complexa. Aqui podemos citar (FORTUNATO, GALENO, & FRANÇA, 2020, p. 7):

No que se refere ao ser humano, a questão crucial que a onto-antropologia coloca para o tempo presente e futuro concerne fundamentalmente a como o homem se relacionará consigo e com o mundo da técnica que aparentemente fugiu a seu controle.

Os efeitos das antropotécnicas[4] atingem o ser humano enquanto indivíduo e enquanto humanidade, assim como a natureza ao seu redor, tanto a imediatamente próxima quanto a que circunda o planeta, porém, aqui, o alvo dos seus efeitos é o Karate-Do[5]. Diante do desenvolvimento desses processos de “autoadaptação” até certo ponto inconsciente (o que aqui consideramos um efeito das antropotécnicas) que proporcionam que o Karate-Do continue existindo frente às mudanças ao seu redor – principalmente nos âmbitos cultural e econômico – e que parecem fazer com que o Caminho das Mãos Vazias fuja do seu próprio controle, pergunta-se: onde o Karate-Do vai parar?

É impossível responder a tal pergunta, inclusive porque como o Karate pode ser dividido em duas grandes vertentes, ou seja, uma que se volta para as competições, e por isso a denominamos karate esportivo, e outra que, mesmo podendo ter a prática das competições – ou não -, não dá a elas importância fundamental, o que consideramos o próprio Karate-Do – e aqui vamos nos ater mais esta segunda -, muito aproximado do Budo, temos necessariamente que considerar não uma, mas duas antropotécnicas, uma para cada vertente do Karate. Sobre esta nossa afirmação, (FORTUNATO, GALENO, & FRANÇA, 2020, p. 8) ensina:

No mais das vezes, o emprego da techné toma como orientação os objetivos referendados pelos valores morais da sociedade ou do grupo considerado. [...] Do que se conclui que, de acordo com o código moral considerado, tem-se um conjunto de antropotécnicas correspondentes e maneiras distintas de se produzir, moldar, treinar o tipo homem.

Observa-se, portanto, que a antropotécnica desenvolvida depende da moral aplicada. Cada conjunto de técnicas tem como guia para seu desenvolvimento um objetivo específico ditado pela atividade que se realiza ou que se pretende realizar. Numa religião qualquer, por exemplo, serão desenvolvidas práticas que darão ao ser humano ali mergulhado os parâmetros para que se realize o comportamento dele esperado e essas serão suas antropotécnicas com base na moral dessa mesma religião.

O Karate-Do, sendo uma expressão cultural forjada dentro de uma mistura peculiar de influências fundamentalmente históricas, políticas, econômicas e religiosas – e talvez essa forma de ver o Karate seja a chave para entender suas particularidades –, teve que desenvolver suas antropotécnicas específicas  para que tanto os corpos como as mentes nele envolvidos se moldassem a seus parâmetros[6]. Ou seja, o praticante precisa estar adaptado, tanto aos costumes da cultura japonesa como ao que é específico do Karate-Do. (FORTUNATO, GALENO, & FRANÇA, 2020) aponta dois efeitos dessas antropotécnicas decorrentes de parâmetros morais:

Em diálogo com Nietzsche pode-se pensar dois tipos específicos de efeitos produzidos pelas antropotécnicas orientadas pela moral. [...] adestramento. [...] domesticação. O aspecto inquietante deste raciocínio consiste em que Nietzsche incorpora essas expressões para se referir ao trabalho do homem sobre si quando pretende impingir-lhe um modo de viver específico.

Os dois termos acima referem-se ao manejo de animais e por isso, como abordado na citação, esse “aspecto inquietante” que surge quando o filósofo os utiliza para pensar a socialização humana. Apesar de tal inquietação, não é difícil pensar que a utilização faz sentido. No caso do Karate-Do podemos fazer tranquilamente tal paralelo.

O “adestramento” do praticante de Karate-Do trata-se do seu condicionamento físico e mental para a prática da arte marcial. Já abordamos em outro texto (SILVA H. P., 2021) alguns aspectos das peculiaridades das técnicas do Karate-Do e a ilusão de que praticando outra arte marcial alguém consiga melhorar essas técnicas peculiares. O aluno de Karate-Do precisa adaptar seu corpo para uma prática de longa duração em que as repetições dos movimentos, anos após anos, são uma constante necessidade. Isso se dá por conta exatamente dessa particularidade das técnicas de defesa e ataque dessa arte, que exigem uma aproximação cada vez maior da perfeição de sua execução.

Para tanto, há a necessidade não só de um corpo, mas também de uma mente adestrada. A necessidade de persistência durante os anos de prática, tendo-se muitas vezes a impressão de que não se está evoluindo, pode minar a força de vontade do praticante, que vai buscar algo mais imediatista, que dê resultados mais rapidamente. Isso parece ser uma atitude condizente com o modo de vida japonês que busca a excelência em todas as áreas e em mínimos detalhes, implicando numa “perda de tempo” cada vez menor. A sociedade japonesa, inclusive por essa busca, pode ser opressora. Mas, ao mesmo tempo, a pressa parece ser combatida naquela sociedade que cultiva valores espirituais tão necessitados de paciência, e tanto um como outro desses aspectos estão presentes nas antropotécnicas do Caminho das Mãos Vazias.

No caso da “domesticação”, é preciso partir de uma visão mais abrangente da cultura japonesa e visualizar em menor escala essa “domesticação” no Karate-Do. Ou seja, o cidadão japonês vive dentro de uma sociedade muito peculiar, com um regime que chega a ser, como dissemos, opressor. São regras de convivência que abrangem mínimos detalhes do comportamento das pessoas, para que essas se moldem e sejam aceitas ali. Tudo é permeado por valores que tem muito da religiosidade e de um sentimento nacionalista muito fortes.

Nas artes marciais japonesas, não somente no Karate-Do, toda essa cultura se reflete em seus microuniversos. O modo de vida japonês está muito expresso nos costumes dessas artes. É comum se negar, mas o ambiente do Karate-Do trás muito, por exemplo, da religiosidade japonesa. Vários dos costumes preservados nos rituais que ocorrem durante os treinamentos e nos elementos que compõem um Dojo são fundamentados, por exemplo, no Xintoísmo, a religião predominante do Japão. Outro exemplo inegável dessa influência está no Sumô. Ali, para nós leigos, não se sabe onde termina o ritual religioso que envolve as práticas da arte marcial e onde começa efetivamente a arte marcial, ou se realmente ocorre uma separação desses dois aspectos.

Portanto, é preciso que haja uma domesticação do praticante de Karate-Do, ou seja, é preciso que, de certa forma, ele (e aqui me refiro tanto ao nativo quanto ao estrangeiro) se comporte como exige a cultura do Japão, para que possa estar minimamente apto a participar das aulas. Daí surgem espontaneamente as antropotécnicas para adestrar e domesticar seus praticantes, a menos que sua prática seja voltada simplesmente às competições, que não se preocupam com essas questões culturais ou espirituais. A esse respeito, citamos (BRÜSEKE, 2011, p. 2):

Curiosamente, os ideais ascéticos retornam na virada do século XIX para o XX. Desta vez não como sine qua non de uma nova religiosidade, mas, pelo contrário, como expressão da descoberta e valorização do corpo humano. O atletismo, sob o pretexto da restauração do olimpismo da antiguidade, reativa o asceta, que, fora de qualquer contexto transcendental, tenta se superar para conseguir competir com outros atletas envolvidos no mesmo projeto de autossuperação.

Sloterdijk constata que o renascimento atlético e somático possibilita e requer “asceses desespiritualizadas”.

O Karate esportivo encaixa-se na descrição acima, ou seja, adere a uma ascese desepiritualizada. Já o Karate-Do, tem uma antropotécnica que incluí nos objetivos de sua prática do “caminho” (Do), uma transcendência/espiritualização, uma vez que essa prática é norteada pelos princípios do Budo.

Conclusão

Assim, como afirmamos anteriormente, é possível, por meio do conceito de antropotécnica, analisar aspectos das mudanças ocorridas no Karate-Do ao longo do tempo, mas, com base no que afirma o mesmo conceito, não é possível prever o que será dele no futuro, uma vez que suas antropotécnicas fugiram ao seu controle e, quanto mais ele é praticado, dependendo da moral que se aplique a essa prática, mais essas antropotécnicas vão fazendo com que ele seja cada vez mais “aperfeiçoado”, mais bem adaptado às suas próprias buscas e esse processo tem uma autonomia tal que provoca uma inconsciência de sua própria existência, tornando-o quase imperceptível.

Tendemos, portanto, a pensar que o Karate-Do será cada vez mais apenas karate esportivo, já que está imerso num mundo que exige lucros e resultados imediatos a cada momento. Porém, também já afirmamos, o Karate-Do pode ser encarado por meio de duas grandes vertentes e uma delas é o Budo, que segundo nossa ótica, anda independente do mundo capitalista - pelo menos é o que ele parece nos dizer - pois possui, além de uma filosofia própria, antropotécnicas próprias, o que poderá fazer com que continue a existir e resistir a esse arrastamento tão característico de nosso tempo.Oss!

Fontes Citadas

1. BRÜSEKE, F. J. (Fevereiro de 2011). Uma vida de exercícios: a antropotécnica de Peter Sloterdijk. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 26. Acesso em 09 de Janeiro de 2023, disponível em https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/qJrG3TBdbhDYvKQkWRFNhZL/?lang=pt#

2.    FORTUNATO, L., GALENO, A., & FRANÇA, F. (2020). Da Ontologia À Antropotécnica: Humanismo, Mídias E Domesticação Do Ser. Global Journal of Human-Social Science, XX. Acesso em 09 de Janeiro de 2023

3.    SILVA, H. P. (14 de Novembro de 2021). SE EU PRATICAR OUTRA ARTE MARCIAL MEU KARATE VAI MELHORA? Acesso em 10 de Janeiro de 2023, disponível em Meus aprendizados sobre o Karate: https://estudosdekarate.blogspot.com/2021/11/se-eu-praticar-outra-arte-marcial-meu.html

4.    SILVA, H. P. (10 de Dezembro de 2022). A filosofia "do Karate-Do" e suas formas de transmissão: uma breve pesquisa sobre os efeitos da transmissão oral para esses conhecimentos. Acesso em 09 de Janeiro de 2023, disponível em Meus aprendizados sobre o Karate: https://estudosdekarate.blogspot.com/2022/12/a-filosofia-do-karate-do-e-suas-formas.html

 

 



[1] SLOTERDIJK, Peter. (2009) Du musst Dein Leben ändern. Über Antropotechnik. Frankfurt, suhrkamp

[2] Claro que aqui não estamos generalizando e reconhecemos que há pessoas que dedicam ao Karate toda sua intelectualidade fazendo dele uma fonte de conhecimento em constante e claro conhecimento, haja vista a publicação de vários livros sobre o assunto no Brasil.

[3] Certamente que antes da profunda institucionalização e mercantilização do Karate havia professores que precisavam sobreviver das suas aulas cobrando por elas. O próprio Gichin Funakoshi sobrevivia no Japão do que sua arte lhe proporcionava, porém, não fazia disso um mero negócio.

[4] Aqui ficamos limitados para explicar aprofundadamente o conceito de antropotécnica e recomendamos a leitura de (FORTUNATO, GALENO, & FRANÇA, 2020) para um melhor entendimento. Na página 8 do artigo o seguinte trecho pode dar um caminho para o entendimento desse conceito: “Por meio das antropotécnicas, o homem engendra-se como produto de suas ações sobre si mesmo e sobre o mundo, e desta forma, é o resultado de todas as reificações antropotecnológicas de base cujo impulso fundamental foi dado pelo que os gregos denominaram techné”.

[5] Fazemos neste trabalho uma diferenciação entre os termos Karate e Karate-Do ao longo do texto. A questão toda gira em torno da partícula “Do”. Essa partícula significa caminho e esse caminho refere-se a uma ideia de buscar uma elevação moral, mental e espiritual ao longo da vida, que é o próprio caminho a ser trilhado, no caso, por meio da prática do Karate.

Ao utilizar a palavra “Karate” (sem a partícula “Do”), nos referimos a uma prática apenas física, sem a consideração deste caminho. Já quando utilizamos a palavra Karate-Do, nos referimos à pratica da arte marcial como meio para se atingir esse objetivo não apenas marcial, mas, também, procurando o melhoramento do ser como um todo.

[6] Assim, essas antropotécnicas, ao mesmo tempo em que são criadas pelo Karate-Do, passam a alterar de forma velada o seu destino e ele lhe fogem ao controle.


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